sábado, 23 de abril de 2011

UMA COURAÇA CHAMADA DIGNIDADE



Já ouvi dizer, e creio que não somente eu, que é da fossa que saem as melhores coisas... Daí, nascem as melhores músicas, os Best Sellers, as indescritíveis fragrâncias.
Tenho que admitir que é verdade! Claro que de um ponto de vista bem diferente, até porque não encarno Chico Buarque, nem sou J.K. Rowling e muito menos o assassino do filme Perfume!
Porém, a fossa nos leva a um estado de consciência que transcende um pouco a realidade que nos encontramos e nos faz refletir anteriores situações, e o melhor, nos inspira a proceder de forma diversa, seja ela com nossa própria vivência ou com a vivência daqueles que nos cercam.
E no atual estado de depressão ao qual me encontro ultimamente, me peguei pensando no real momento em que compreendi o impasse que muitas de nós teimam em esconder, em fingir que não existe... Sabe qual? A escolha entre um homem e a relação que tem com ele e seu amor próprio!
Pensando nesse momento, o qual, lembro muito bem, refleti acerca dos outros momentos em que não sabia que meu amor próprio estava sendo usurpado de mim lentamente; dos momentos em que, as besteiras que fazia, pareciam ser o certo pra recuperar a pessoa que amava.
É incrível como nos passamos pra manter algo, que na grande maioria das vezes, existe apenas na nossa cabeça, porque, hoje, pra mim, algo entre duas pessoas só existe realmente, quando as duas envolvidas compartilham do mesmo ideal, do mesmo pensamento, e exteriorizam isso de diversas formas e em conjunto, claro!
Mas, há momentos em nossas vidas que enfrentamos as situações de modo contrário a real intenção, porque estamos presas em uma ilusão Merliniana que nos impede de vê através da película romântica que nos envolve.
Em uma relação, quando um homem é grosseiro, achamos que é ciúme e quanto mais ciúme, mas amor, quando na verdade é apenas uma grosseria do caralho, e todos menos você estão repugnando aquele tratamento.
Outras vezes, o ex (que você gostaria que não fosse) tem uma atitude revoltosa quando te vê com outro, e você sai logo achando que ele ta tendo uma recaída e vai pedir pra voltar o namoro (ou seja lá a relação que você tem com ele), no entanto, a verdade é que ele esta somente com o ego ferido, porque ta perdendo o capacho que ele normalmente gosta de mostrar como troféu, aquela velha coisa de “ não quero, no entanto, também não quero que ninguém tenha”.
É a situação mais foda do mundooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo!
Mas além de foda, é extremamente necessária, por que quando o encantamento realmente acaba, e a película finalmente se dissolve, conseguimos enxergar o quão burra fomos ao ponto de perder a essência da nossa personalidade por algo que no fim das contas, nem foi a coisa mais importante da nossa vida, passando bem longe disso, por sinal.
Fiz muitas coisas das quais me envergonho. Envergonhar e não arrepender, por que essa palavra deve ser interpretada primeiramente antes de ser usada. Se na hora eu queria e estava disposta a fazer, não posso me arrepender, eu não queria??!! Então engolir e não fazer novamente é o correto quando essa palavra vier na boca pra ser dita!
Já fingi muitas vezes que não queria, quando na verdade estava doida, completamente alucinada por uma pessoa. Ele queria também, mas você dando uma de difícil (quando na verdade não queria ser), perdeu de ter algo bom, porque uma imbecil qualquer te falou que não devemos ficar assim tão facilmente.
Claro que não devemos! A conversa é necessária, o contato entre os olhos, as mãos, os perfumes, são extremamente necessários para aguçar os sentidos e alimentar o querer... Não acredito que esnobar seja a palavra correta a ser empregada, se ta querendo, pega pow! Carai de difícil... Pior é depois quando você não fica e ele acaba, naquele dia mesmo, arrumando uma bendita namorada e você se fudendo por que nunca mais vai pintar a possibilidade.
Já fiquei muitas vezes amiga da ex, ou da própria namorada do amadinho!!!É!!! Já fiz isso sim.
Começa de um jeito inocente, tentando arrumar uma situação casual e ficar amiguinha, fazendo tudo parecer uma grande coincidência, quando na verdade, foi mais que dolosamente pensado. Temos que fingir simpatia, quando a real intenção é esfolar e matar a vaca todinha... Mas sabe pra que isso? Pra estar perto da rival, saber se estão bem, se vão terminar, se a concorrência é maior, ou seja, pra se passar!!!
Não pretendo nunca mais fazer isso, porque o sofrimento é constante, a disputa acaba com qualquer ego que porventura ainda exista, e com certeza, seu ex ta achando que você é uma psicopata perseguidora, por mais que finja não achar nada! Vá por mim, tenho milhares de amigos homens que me confidenciaram isso.
E olha que o cara nem era meu namorado em!!! Mas calma, estou recuperada, não sou mais essa doida varrida, consegui minha vacina em um momento crítico de um relacionamento que tive.
Um obscuro e nublado dia, briguei com um namorado, e a culpa foi minha, algo sobre bebida alcoólica (meu Karma), daí ele terminou comigo. Depois de chorar desesperadamente e efetuar milhares de ligações, dirigi-me a casa do dito namorado e lá chegando IMPLOREI pela volta do namoro. Não rastejei e fiquei de joelhos, por que graças a Deus, a rua não era calçada e ele não queria que eu me sujasse, mas, naquele momento, eu faria qualquer coisa pra ter minha segura relação de volta (pense num consolo!!). 
Felicitem-se em saber que voltei meu namoro, tudo o que eu mais queria. Assim, com o relacionamento estabilizado, voltei pra casa; no começo, com uma sensação de felicidade estonteante, mas depois a náusea começou a tomar conta de mim, e cheguei em casa aos vômitos.
Não tinha comido nada que me fizesse mal, eu que estava podre. A sensação de felicidade tinha me abandonado completamente e comecei a chorar. Chorei arrependida, envergonhada e completamente confusa do que tinha me levado a fazer aquilo.
Tinha abalado naquele instante o meu bem mais precioso, minha dignidade, e estava sofrendo as conseqüências daquele rompante insano.
Meu Deus, foi horrível! Passei uma semana enojada com o pobre do namorado, quando na verdade a culpada era eu, ele não tinha me obrigado a nada, eu tinha jogado fora meu amor próprio por pura, livre e consciente vontade.
E no meio da maior fossa que já tive na vida (porque foram muitas) resolvi nunca mais passar por aquilo novamente, nunca mais escolheria “ele”, escolheria sempre EU, nem que fosse o caminho mais difícil, e olha que sempre é o mais difícil, por que essa escolha te proporciona um brinde chamado solidão.
Hoje observo atônita, atitudes de mulheres que continuam envoltas na trágica película, e vejo o quão imbecil eu era, e o quão imbecil podemos ser.
Vejo amigas implorarem, arrumarem desculpas esfarrapadas pra ficar perto de alguém que não ta nem ai pra elas; vejo pessoas se tornarem falsas, fingindo uma amizade que não existe, só pra ter noticias do amado. Vejo mulheres apanharem e depois afirmar, veementemente, que foi apenas um tropeção, ou que elas bateram primeiro (quase que um grito:”a culpa é minha”)
Fico triste e não tenho um pingo de pena, só tristeza mesmo. E pela experiência que tenho, não adianta falar nada.
Mulheres nessa situação são como viciados em uma Cracolândia, só querendo o objeto de desejo, ou manter a lombra que se encontram, e por mais amiga que você seja melhor não falar nada, por que a película só cai, quando elas quiserem, seu discurso é mais uma encheção de saco inútil, até porque, quem se encontra nesse meio, já tem um discurso pronto e irrebatível, até mesmo pra Freud.
Enfim, enquanto algumas não receberem a dose do remédio que recebi um dia, estarão fadadas à frustração da alma, por que essa ferida não cicatriza de uma hora pra outra, não mesmo!
Eu me recuperei, porque quando só havia solidão, assim como hoje, sempre haverá algo que me regenera... MINHA DIGNIDADE... Que em época passada sofreu um abalo, mas nunca uma rachadura.
Espero permanecer com a couraça resistente.



segunda-feira, 18 de abril de 2011

A CERTEZA DO CONTRA-SENSO



Primeiramente, essa não sou eu, ou nenhuma amiga ou algo do tipo ta?! Acredite se quiser... Ou não... Ou, ou, ou!!!!!!!
Assim, começaremos com o famoso “era uma vez”.
Era uma vez... Não mesmo!!!!!!!!
Começar assim nos leva a pensar que aqui será descrita uma historinha de amor da Disney, e definitivamente não trataremos de um conto de amor.
Começaremos então com outro início, pra minha pequena aventura novelesca se tornar um pouquinho mais real.
Em algum lugar por aí bem perto de você, ou podendo ser você mesma, estava deitada na cama, pensativa, a nossa personagem principal, conhecida por Maria. È Maria mesmo! Mais comum impossível, sabe por quê? Por que todas nós somos comuns e quase iguais, mudamos somente pela compulsão por sapatos ou roupas.,. Por isso MARIA!!!!!
Como ia dizendo... Maria estava deitada na cama, apreciando o movimento dos besouros hipnotizados pelo brilho néon da lâmpada de seu quarto, quando percebeu que a vida não era tão fácil quanto ela achava. Não diria a vida, porque desde muito cedo nos tocamos que ela não é fácil, seja por que sua mãe te deu umas belas porradas, ou porque a Xuxa só voltaria no outro dia e te deixaria sozinha a tarde toda, ou porque seu pai acha que você só precisa de alimento pra viver feliz e sair é uma besteira altamente controlável, se você realmente tentar.
No entanto, naquele instante, Maria conseguiu observar a real dificuldade de uma vida amorosa, ou seria a falta dela?!
Tudo começou com uma mistura de informações batidas num liquidificador de araque, mas precisamente composta de dois ingredientes:

  • 1º - Blue Valentine e,
  • 2º -  Christina Perri

Isso mesmo! Maria teve que vê esse filme e ouvir essa cantora pra perceber que é uma fudida, que não sabe absolutamente nada de nada, principalmente de relacionamento amoroso. Até porque venhamos e convenhamos que é mesmo difícil pra caralho entender bem disso...se é que alguém realmente entende de alguma coisa!
Bem, Maria viu o título do filme no Dr. Google e se interessou, porque a atriz que faz o filme, aquela cujo marido se matou e fez um filme onde seu personagem era gay (claro que é o Heath Ledger né), pois é... Ela estava sendo indicada ao Oscar por esse filme e Maria resolveu comprar.
Maria estava muito carente e achava apenas, que iria se divertir com uma boa comédia romântica, com final feliz, sofrer um pouquinho por estar sozinha e pronto! Continuaria a vida, provavelmente começando pela internet.
Então a surpresa... O filme era FODÁSTICO, ou seja, não estamos falando de comédia romântica, até porque ninguém sai de um cinema achando que a historinha de Hugh Grant, Jennifer Aniston, Ashton Kutcher ou Sandra Bullock é fodástica, no máximo ganha um “legal”!
Enfim, nossa personagem foi pega de surpresa por um filme realista, por um roteiro que realmente existe do lado de cá daquela grande tela ilusória que é o cinema romântico.
O filme é perfeito, conta uma série de encontros e desencontros amorosos entre os personagens, o efeito da paixão insensata e o sofrimento da consciência da falta de amor que sucumbe qualquer tentativa de reaproximação.
“Que coisa horrível!!!”, vocês devem estar pensando, porém Maria sentiu-se realizada ao ver aquela tão fascinante história, discutida através de personagens tão brilhantemente interpretados.
Maria só estava querendo “roer” um pouquinho, pois é!!! Sofrer voluntariamente, buscar essa melancolia de não amar e nem ser amada, e simplesmente morrer de inveja daqueles que andam de mãos dadas e suadas de tanto apertar, se beijando em uma praça qualquer. No entanto, acabou encontrando a versão realista do motivo de seu pezar.
Viu que as paixões surgem realmente do nada, apesar de sempre estarmos esperando, e te pega de um jeito que te faz emburrecer, no entanto, na mesma facilidade que chega, se esvai, acabando com o desejo, o respeito e, como um tabefe dado por uma namorada traída, mostra que não adianta lutar por algo que não terá mais volta.
Então Maria pensou que era melhor estar sozinha mesmo. Não queria terminar de uma forma brusca e cheia de mágoa, algo que começou de uma forma tão bela e até mesmo, ingênua.
Maria sabia que muita gente iria criticar dizendo: “Mas você tem que pensar nos momentos bons que tiveram”. Ela sabia que teriam momentos bons, mas não o suficiente para suprir as mágoas decorrentes do término, e no final, o que lembraríamos, seria somente a decepção e a sensação de perca de tempo vivendo uma mentira.
Maria, então, ficou revigorada (isso mesmo, ela era uma pedra de gelo naquele momento), e se satisfez em estar sozinha, beijar uma vez por semana, ou de quinze em quinze dias um cara qualquer, feliz por ser desejada por homens que na verdade não querem nada sério e se conformar que namorar é algo que ninguém está disposto a oferecê-la. Isso era MARAVILHOSO!!!!
Assim, mergulhada em sua nova certeza, Maria rumou para o fantástico mundo da internet, e vasculhando novidades musicais no Vagalume, encontrou, em uma playlist qualquer, uma bendita cantora chamada Christina Perri.
“Vou vê se ela é legal, pelo jeito é mais uma couver paraguaia da Avril Lavigne”.
Maria se fudeu legal novamente, por que a mulher canta pra Caralho e da Avril ela só tem mesmo, a grotesca bota do clipe Jar of Hearts.
Maria baixou o singelo CD de pouco mais de seis músicas e, novamente, confundiu a sua certeza anterior.
As melodias eram envolventes, seduziam ao mesmo tempo em que instigavam o sofrimento, gerando uma incontrolável sensação de querer ser arrastada para a fossa ao som daquela fascinante e sonora nostalgia.
Daí, quando Maria viu as letras pensou “agora não sei mais de porra nenhuma”.
Tinha acabado de se revigorar com um fim de um relacionamento, por que somente aquele término geraria a felicidade, e agora estava diante de uma letra que refletia a tragédia de um fim, mas com uma filosofia inversa, como se a pessoa que tivesse escrito, se tornasse mais feliz se, mesmo sofrendo, estivesse ao lado do amado. È foda!
Por isso, quando Maria viu o sofrimento da perda ou mesmo o despeito ao tratar a pessoa amada, retratado naquelas notas musicais, percebeu, por um breve instante, em um devaneio sedutor, que poderia ser ela chorando e escrevendo em seu diário eletrônico, e por um azar mundano, suas angústias estavam, naquele momento, latejando em sua cabeça sendo cantadas por uma tal de Christina; Christina essa, que a pouco era apenas uma desconhecida e acabara de se transformar em uma puta leitora de mentes.
“Meus Deus”, pensou Maria, “ Não quero ser uma personagem de Blue Valentine”....Ela queria ser retratada no single daquela Christina, queria sentir aquela dor e perder um amor , porque ela queria amar, cassete!Nem que fosse pra se fuder depois.
Maria não queria beijar irmãos, nem mesmo os de suas amigas, não queria se afundar no etílico fundo de um copo de estrato de tomate, nem ter a terrível sensação de apenas ser considerada uma perigete qualquer, tendo que se consolar de uma ficada vergonhosa em meio a sede de uma ressaca.
Maria necessitava, naquele momento em especial, de um príncipe encantado, daqueles de historinhas da Disney e ter só mais um final de Grant, Aniston, Kutcher ou Bullock .
Sabe por quê? Por que no final de tudo a contradição era a única certeza que reinava na cabeça de Maria, e a cada música que ela escutar, ou a cada filme que ela assistir, poderá, novamente, se contradizer e passar, drasticamente, de uma solteirona feliz para uma melancólica mocinha de novela das seis, ansiosa por seu amado, assim como fez nessa saga.
Mas o que realmente não irá mudar em Maria, pelo menos por hora, é que, querendo ou não, a vida não é um mar de rosas e o amor é foda mesmo, porque hoje impera o vazio e ela está, a cada dia, sendo modificada de uma maneira cada vez mais explícita e sem volta.
Não sei quanto a minha “fictícia” personagem, mas pra mim, a recuperação da consciência é uma MERDA!