Já ouvi dizer, e creio que não somente eu, que é da fossa que saem as melhores coisas... Daí, nascem as melhores músicas, os Best Sellers, as indescritíveis fragrâncias.
Tenho que admitir que é verdade! Claro que de um ponto de vista bem diferente, até porque não encarno Chico Buarque, nem sou J.K. Rowling e muito menos o assassino do filme Perfume!
Porém, a fossa nos leva a um estado de consciência que transcende um pouco a realidade que nos encontramos e nos faz refletir anteriores situações, e o melhor, nos inspira a proceder de forma diversa, seja ela com nossa própria vivência ou com a vivência daqueles que nos cercam.
E no atual estado de depressão ao qual me encontro ultimamente, me peguei pensando no real momento em que compreendi o impasse que muitas de nós teimam em esconder, em fingir que não existe... Sabe qual? A escolha entre um homem e a relação que tem com ele e seu amor próprio!
Pensando nesse momento, o qual, lembro muito bem, refleti acerca dos outros momentos em que não sabia que meu amor próprio estava sendo usurpado de mim lentamente; dos momentos em que, as besteiras que fazia, pareciam ser o certo pra recuperar a pessoa que amava.
É incrível como nos passamos pra manter algo, que na grande maioria das vezes, existe apenas na nossa cabeça, porque, hoje, pra mim, algo entre duas pessoas só existe realmente, quando as duas envolvidas compartilham do mesmo ideal, do mesmo pensamento, e exteriorizam isso de diversas formas e em conjunto, claro!
Mas, há momentos em nossas vidas que enfrentamos as situações de modo contrário a real intenção, porque estamos presas em uma ilusão Merliniana que nos impede de vê através da película romântica que nos envolve.
Em uma relação, quando um homem é grosseiro, achamos que é ciúme e quanto mais ciúme, mas amor, quando na verdade é apenas uma grosseria do caralho, e todos menos você estão repugnando aquele tratamento.
Outras vezes, o ex (que você gostaria que não fosse) tem uma atitude revoltosa quando te vê com outro, e você sai logo achando que ele ta tendo uma recaída e vai pedir pra voltar o namoro (ou seja lá a relação que você tem com ele), no entanto, a verdade é que ele esta somente com o ego ferido, porque ta perdendo o capacho que ele normalmente gosta de mostrar como troféu, aquela velha coisa de “ não quero, no entanto, também não quero que ninguém tenha”.
É a situação mais foda do mundooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo!
Mas além de foda, é extremamente necessária, por que quando o encantamento realmente acaba, e a película finalmente se dissolve, conseguimos enxergar o quão burra fomos ao ponto de perder a essência da nossa personalidade por algo que no fim das contas, nem foi a coisa mais importante da nossa vida, passando bem longe disso, por sinal.
Fiz muitas coisas das quais me envergonho. Envergonhar e não arrepender, por que essa palavra deve ser interpretada primeiramente antes de ser usada. Se na hora eu queria e estava disposta a fazer, não posso me arrepender, eu não queria??!! Então engolir e não fazer novamente é o correto quando essa palavra vier na boca pra ser dita!
Já fingi muitas vezes que não queria, quando na verdade estava doida, completamente alucinada por uma pessoa. Ele queria também, mas você dando uma de difícil (quando na verdade não queria ser), perdeu de ter algo bom, porque uma imbecil qualquer te falou que não devemos ficar assim tão facilmente.
Claro que não devemos! A conversa é necessária, o contato entre os olhos, as mãos, os perfumes, são extremamente necessários para aguçar os sentidos e alimentar o querer... Não acredito que esnobar seja a palavra correta a ser empregada, se ta querendo, pega pow! Carai de difícil... Pior é depois quando você não fica e ele acaba, naquele dia mesmo, arrumando uma bendita namorada e você se fudendo por que nunca mais vai pintar a possibilidade.
Já fiquei muitas vezes amiga da ex, ou da própria namorada do amadinho!!!É!!! Já fiz isso sim.
Começa de um jeito inocente, tentando arrumar uma situação casual e ficar amiguinha, fazendo tudo parecer uma grande coincidência, quando na verdade, foi mais que dolosamente pensado. Temos que fingir simpatia, quando a real intenção é esfolar e matar a vaca todinha... Mas sabe pra que isso? Pra estar perto da rival, saber se estão bem, se vão terminar, se a concorrência é maior, ou seja, pra se passar!!!
Não pretendo nunca mais fazer isso, porque o sofrimento é constante, a disputa acaba com qualquer ego que porventura ainda exista, e com certeza, seu ex ta achando que você é uma psicopata perseguidora, por mais que finja não achar nada! Vá por mim, tenho milhares de amigos homens que me confidenciaram isso.
E olha que o cara nem era meu namorado em!!! Mas calma, estou recuperada, não sou mais essa doida varrida, consegui minha vacina em um momento crítico de um relacionamento que tive.
Um obscuro e nublado dia, briguei com um namorado, e a culpa foi minha, algo sobre bebida alcoólica (meu Karma), daí ele terminou comigo. Depois de chorar desesperadamente e efetuar milhares de ligações, dirigi-me a casa do dito namorado e lá chegando IMPLOREI pela volta do namoro. Não rastejei e fiquei de joelhos, por que graças a Deus, a rua não era calçada e ele não queria que eu me sujasse, mas, naquele momento, eu faria qualquer coisa pra ter minha segura relação de volta (pense num consolo!!).
Felicitem-se em saber que voltei meu namoro, tudo o que eu mais queria. Assim, com o relacionamento estabilizado, voltei pra casa; no começo, com uma sensação de felicidade estonteante, mas depois a náusea começou a tomar conta de mim, e cheguei em casa aos vômitos.
Não tinha comido nada que me fizesse mal, eu que estava podre. A sensação de felicidade tinha me abandonado completamente e comecei a chorar. Chorei arrependida, envergonhada e completamente confusa do que tinha me levado a fazer aquilo.
Tinha abalado naquele instante o meu bem mais precioso, minha dignidade, e estava sofrendo as conseqüências daquele rompante insano.
Meu Deus, foi horrível! Passei uma semana enojada com o pobre do namorado, quando na verdade a culpada era eu, ele não tinha me obrigado a nada, eu tinha jogado fora meu amor próprio por pura, livre e consciente vontade.
E no meio da maior fossa que já tive na vida (porque foram muitas) resolvi nunca mais passar por aquilo novamente, nunca mais escolheria “ele”, escolheria sempre EU, nem que fosse o caminho mais difícil, e olha que sempre é o mais difícil, por que essa escolha te proporciona um brinde chamado solidão.
Hoje observo atônita, atitudes de mulheres que continuam envoltas na trágica película, e vejo o quão imbecil eu era, e o quão imbecil podemos ser.
Vejo amigas implorarem, arrumarem desculpas esfarrapadas pra ficar perto de alguém que não ta nem ai pra elas; vejo pessoas se tornarem falsas, fingindo uma amizade que não existe, só pra ter noticias do amado. Vejo mulheres apanharem e depois afirmar, veementemente, que foi apenas um tropeção, ou que elas bateram primeiro (quase que um grito:”a culpa é minha”)
Fico triste e não tenho um pingo de pena, só tristeza mesmo. E pela experiência que tenho, não adianta falar nada.
Mulheres nessa situação são como viciados em uma Cracolândia , só querendo o objeto de desejo, ou manter a lombra que se encontram, e por mais amiga que você seja melhor não falar nada, por que a película só cai, quando elas quiserem, seu discurso é mais uma encheção de saco inútil, até porque, quem se encontra nesse meio, já tem um discurso pronto e irrebatível, até mesmo pra Freud.
Enfim, enquanto algumas não receberem a dose do remédio que recebi um dia, estarão fadadas à frustração da alma, por que essa ferida não cicatriza de uma hora pra outra, não mesmo!
Eu me recuperei, porque quando só havia solidão, assim como hoje, sempre haverá algo que me regenera... MINHA DIGNIDADE... Que em época passada sofreu um abalo, mas nunca uma rachadura.
Espero permanecer com a couraça resistente.